terça-feira, 6 de julho de 2010

O "estagiário indie" que edita as reportagens no Fantástico

Este post, na verdade, é mais um registro de uma constatação que há tempos eu e alguns amigos vínhamos fazendo. Você, por acaso, já reparou nas músicas que tocam ao fundo nas reportagens - principalmente as do Fantástico? Se você ouve bastante música, aposto que sim. Se não, eu explico:

O Fantástico é um programa que inclui reportagens do tipo "revista eletrônica", que envolve tanto informação quanto entretenimento. E essas reportagens são mais informais. Ou seja, dão pano pra manga pra criatividade dos editores. O que acontece de mais notório é ver algum tipo de arte durante a reportagem (desenhos, gráficos, o que divertir). E, mais ao fundo, mas não menos importante, as músicas incidentais.

Não são músicas inteiras. São pedaços, trechinhos de canções. Geralmente dando o tom do assunto: felizes, contemplativas, dramáticas ou até cômicas. E aí, meu amigo, são nesses trechos que achamos várias músicas muito boas! Essa reportagem é só um exemplo:

Vampire Weekend no comecinho!

Eu, que acho que ouço bastante coisa pop, não consigo identificar tudo. Mas quando ouço um trechinho do Vampire Weekend tocando no domingo à noite, sai um sorriso maroto! E quando toca Arctic Monkeys! Putz! Exclamo na hora! "Aquela primeira música do cd!". E, como disse, não fui só eu que percebi. No dia seguinte sempre rola um comentário do tipo: "ce viu que Gorillaz tocou ontem no Fantástico?" "E a música do Interpol no Globo Esporte?" Além das citadas acima, outras bandas como Groove Armada, The XX, Snow Patrol , Strokes e mais trocentas figuram nas reportagens.

Pois é! Eu sempre achava que tinha uma espécie de "estagiário  indie" que, antes que ia pro ar, reeditava a porra toda colocando esses clássicos que trazia em seu Ipod. Mas, depois de conversar com meu amigo Leandro, descobri por ele que é o próprio repórter que costuma editar a matéria. Ou o editor-chefe. E, no caso do Fantástico, é o sr. Álvaro Pereira Jr.


Álvaro, além de editor-chefe do Fantástico, é colunista da Folha de São Paulo  e crítico musical. Ele é , provavelmente, responsável por um grande montante de músicas boas que vai parar nas reportagens - é só ver quem edita nos créditos. Como bom conhecedor (não sei se ele entende, sei que ele conhece), bota lá suas migalhas de boa música pra todo mundo.

Assim como Leandro também me relatou, o Gabriel Menezes falou sobre o assunto em seu blog. Ele quis discutir sobre as bandas que querem ser conhecidas ou não do grande público. e o consequente "puritanismo", de quem é músico, em valorizar a cena "underground" em detrimento de quem faz sucesso. Eu não quero chegar a tanto. (mas vale a pena ler o que ele tem a dizer).

Minha reflexão é a seguinte: quem bota essas músicas nas reportagens não quer criar uma revolução. Você poderia pensar:" são mensagens subliminares! Para as pessoas desinformadas de música ouvirem coisa boa e aprimorar o gosto musical - tipo aquilo que o Tyler Durden, personagem do filme 'O Clube Da Luta' faz no filme, botando imagens de pênis entre frames de um filme que passa no cinema, só pra zuar"! Na verdade até serve sim (haha! boa!). Mas não é pra tanto.

Pra mim, a diversão é tratar as músicas como easter eggs. (Prá quem não sabe, easter egg é ovo de páscoa em inglês e a expressão dá a idéia de presentes escondidos, já que a brincadeira da páscoa era esconder ovos pra ser um prêmio pra quem os achasse). O editor pensa: vou mandar essa aqui. E a gente que ouve - e conhece - percebe: "po, esse editor mandou muito bem!".

Aliás, ainda bem que temos editores que conhecem música boa. Prá nós que gostamos serve como "vingancinha". Pros que gostam mas não conhecem, podem correr atrás. Já para os que são alienados - infelizmente a maioria - serve de escapismo forçado pra muita coisa ruim que a gente escuta todo dia, seja no rádio, no ônibus, no som alto do ambulante, no agudinho irritante dos celulares com mp3...

 Por isso, desde já, prestem atenção nos sons das reportagens. Elas podem ter belas surpresas guardadas! 

Cheers!

PS: Em homenagem ao Leandro, fica aqui um vídeo do Álvaro Pereira Jr. "conversando" com o Ed Motta no Altas Horas(o embate começa em 5:22):

Álvaro dá um Hadouken em Ed Motta! Finish Him!

OBSERVAÇÃO:Este post não é uma matéria, e sim, um texto analítico, ok? Só juntei A+B.

7 comentários:

  1. Eis uma dúvida que sempre tive tb!
    E as briguinha... legal! hehehe

    Tá maneiro o blog, garoto!
    Abs!

    ResponderExcluir
  2. Bem bacana Adilson! Vou prestar mais atenção nas trilhas das reportagens!
    Enfezadinho o Ed Motta né?
    Bjs!

    ResponderExcluir
  3. Opa...eu sabia que o Álvaro tinha um dedo nisso tudo! Álias vi uma reportágem super bacana dele em algum lugar esses dias! Mas enfim, acho que até as novelas estão evoluindo, um exemplo disso foi a trilha de "A favorita" com vários indies do momento! E um exemplo mais recente, foi o "Na forma da lei" ontem, dia 6, que tocou nada menos que "Telepopmusik" para o meu delírio =D Parabéns pelo blog, continue assim!

    ResponderExcluir
  4. Parabéns, Adilson... não sabia do seu blog, a Kelly me mostrou agora há pouco. Sabe que eu também pensava que era um estagiário? Ainda mais que tem a questão do direito autoral da música, aí eu ficava pensando que o editor falava "pode colocar, mas se der merda, a culpa é tua..." hahaha.. Po.. strokes eu já ouvi várias vezes, o começo de "you only live once" já rodou de jornal hoje a auto esporte...

    ResponderExcluir
  5. Meu sonho era saber quem editava essas coisas AIUSHDIUAHSIUDHAIUS vlw pela materia!

    ResponderExcluir
  6. Matou minha curiosidade, agora. Ótima matéria! =D

    ResponderExcluir
  7. Já tocou músicas da minha banda favorita no Jornal Nacional! [Muito bom] =D

    ResponderExcluir