terça-feira, 27 de julho de 2010

A Geração Saudosista. Você está nela?

É impressionante como o saudosismo virou negócio: livros, revistas, vídeos, filmes, música. Para todo lugar que você vê, tudo tem que ser lembrado. A memória recente - ou, o saudosismo, citado até de forma pejorativa (nostalgia?) - se tornou palavra comum. Muito comum. Isso não acontece à toa. Falamos muito sobre o que nos aconteceu na infância, adolescência, sobre o que víamos, comíamos, ouvíamos, vivíamos. (Uma reportagem do G1 mostra muito bem esse "fenômeno", não muito novidade).

O maior expoente dessa história, a "Geração 80", está aí pra não me deixar mentir. Começou como algo cult, se tornando algo comum, até povoar, maciçamente, qualquer festa de formatura e casamento que se preze. Eu, nascido exatamente no início dessa década, vejo com muita proximidade esse fenômeno. Virou chavão, no meio de qualquer festa, ter um set de músicas tocando Balão Mágico, Xuxa, Trem da Alegria, Paquitas e afins. Já presenciei uma criança, de seus 12 anos, me perguntar porque tocam essas músicas de criança que ela não conhece e que adultos se acabam de dançar. A solução é dar de ombros: vá entender!

Léo Jaime, Evandro Mesquita, Leoni, Roger e Ritchie (abaixo): "reis" dos anos 1980.

Mas essa forma de saudosismo não termina por aqui e nem fica restrito aos anos de 1980. Quem já não dançou, ultimamente ao som de Corona, Ace of Base ou Gala numa festinha, lembrando a década de 1990? Ou até mesmo relembrando o som grunge (Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden) , prá mim, o último suspiro de protesto cultural relevante na música?


Nirvana!

 Como disse anteriormente, este fenômeno de "sedução da memória" - parafraseando o filósofo Huyssen -  está aí não é à toa. Nossa forma de ver o mundo e, principalmente, de lidar com a memória tragos pela internet, mudou. E de uma maneira muito rápida e brusca.

 A internet deixou tudo acessível, livre de amarras, tudo mesmo, ao alcance. Os mais velhos, que não são tão familiarizados com a internet, se vêem perdidos, pois aprenderam de outra forma sobre o que é e o que não é relevante. Já as novas gerações não dão conta de tanta informação. E, por isso, não conseguem criar as referências necessárias para "lembrar" de algo bom. Consequência: ninguém se acha nessa brincadeira.

Por isso, enquanto os mais velhos buscam o refúgio - ou a referência saudosista - nos discos da Xuxa e Balão Mágico, as novas gerações não viram, ainda, nada de interessante que as fizessem se lembrar de algo bom. Mesmo que seja o de ontem. Hoje, os maiores sucessos musicais são os chamados meme, que são repetições de futilidades transformadas em música que fazem sucesso por uma semana e se perdem na imensidão informacional da rede.

Eu não sei se consegui chegar aqui num consenso ou numa conclusão específica. Acho que o texto é mais em um tom de desabafo e de sustentação do argumento de que estamos carecidos de coisas boas pra ouvir ultimamente e lembrar com gosto. Pois o que faz sucesso hoje são Justin Bieber e Lady Gaga. A continuar assim, ainda vamos dançar muito "Estica e Puxa" e "Piuí Abacaxi" nas formaturas, bailes de debutantes e casamentos de todo Brasil...

 Não me orgulho de botar esse vídeo no Blog...tudo pela informação...rs...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

"Músicas de elevador": você não sabe o que está perdendo!


Sabe aquela música que costuma tocar em uma recepção de um escritório metido a chique, numa vernissage de artista plástico ou num filme (fazendo som ambiente) ou até mesmo... em um elevador? Pois é. Essas músicas, que tocam de fundo em certos lugares  - meio metido a bestas, vá lá - com som meio baixo e, às vezes, fazendo você bater o pé seguindo o ritmo da música podem ser surpreendentemente boas.

Mas vamos antes para as explicações mais xiitas do termo. Em inglês, "elevator music" é a expressão usada para aquelas músicas famosas rearranjadas com o intuito de tocarem como som ambiente. Isso acontece muito com a nossa bossa nova, que os americanos adoram ter como adorno musical pra tudo. O exemplo mais próximo que achei foi no clipe do Foo Fighters, Learn To Fly: no início dop vídeo, a banda, de forma esperta, coloca uma "elevator music" de outra música deles: Everlong. O easter egg vai só no comecinho:



Agora ouve Everlong e compara:

Mas não é exatamente dessas regravações que estou falando. A gente chama também de "música de elevador" aquelas músicas que tem uma constância em termos de volume, arranjo e melodia. Costumam ter um ritmo mais lento e duram um pouco mais do que os 3 minutos, comuns a maioria das músicas comerciais. Não são necessariamente agitadas, nem muito deprês, mas têm arranjos elaborados e melodia sem muitas variações. Tendem a deixar as pessoas menos tensas - e olha que já estudaram sobre isso!

Muita gente torce o nariz pra bandas ou músicos que fazem esse tipo de som. Mas eles não sabem o que podem estar perdendo. A esse "estilo" - se é que existe um - podem caber muitas denominações: Lo-fi, smooth jazz, electro jazz, background music, mood music... e varia muito também quem faz esse tipo de som. Vou fazer uma tentativa - de merda - de mostrar aqui algumas bandas que fazem esse tipo de som que é muito legal quando você não quer ouvir nada em específico e quer, principalmente, agradar seus ouvidos.

Koop
Começo com Koop. Aliás, foi ouvindo os caras que me empolguei de escrever sobre isso. Você vai achar que é uma banda de jazz, mas na verdade as músicas são todas sampleadas! É catar cacos daqui e dali pra fazer uma música! É incrível como eles transformam vários pedaços em algo novo e diferente. Só os vocais são gravados depois que os samplers estão prontos. É uma dupla sueca, estranhíssima no visual, mas muito boa no trato musical. Dá uma checada:

Koop - Summer Sun (a minha favorita deles!)

Thievery Corporation
São também uma dupla (Rob Garza e Eric Hilton) , de Washington. Mas o som que eles fazem não tem nada a ver com a capital americana. A maior parte de suas músicas é multinacional em seus timbres onde alguns elementos se destacam - dentre eles os indianos, o reggae e até bossa nova (como não poderia ser diferente). Já gravaram com uma penca de bons cantores: Femi Kuti (Nigeria), Anushka Shankar (indiana virtuosa da cítara ! ) e....Seu Jorge, o "arroz de festa pros gringos"! Por essa miscelânia de nacionalidades, o som da dupla tem, muitas vezes, um tom político. Foi o que eles mostraram no último álbum, o "Radio Retaliation". Mas o vídeo é de uma mais antiga, muito boa:

Thievery Corporation - Shadow of Ourselves

Zero 7
Uma das minhas bandas preferidas. Advinhem? uma dupla! (eu acho que devia mudar o nome do post para duplas eletrônicas...enfim...). São dois britânicos (Henry Binns e Sam Hardaker), engenheiros de som que se empreitaram para a música. Seus primeiros álbuns são bem melancólicos e de sonoridade quase minimalista. Seu último álbum (Yeah Ghost) está bem mais pop, mas sem perder seu estilo downtempo (um som mais desacelerado) que marcou sua trajetória.

Zero 7 - Destiny

St. Germain
É uma banda de um homem só. O francês Ludovic Navarre é o nome por trás do artista. O som  é mais dancante, tem muita inflência de black music, jazz e house. Me lembro de ter sido difícil, a princípio, escutar com mais cuidado. Mas me impressionei com o quanto fiquei viciado no som! Muitas vinhetinhas de TV tem suas músicas e recomendo aqui um ouvido mais atento. Pena que tem algum tempo que o Sr. Navarre não grava algo novo. Vai o vídeo:

St. Germain - Rose Rouge

Espero ter deixado meu recado: na próxima vez, entre no elevador de ouvidos abertos!
Cheers!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

A falta de programas musicais na TV

Já reparou o quanto você não vê de programas de música na TV? É pouquíssimo, quase nenhum, o espaço que as emissoras dão a música (Faustão, Caldeirão do Hulk, essas coisas não contam pois não são programas de música, ok?). Pensando cá com os meus botões, vejo alguns motivos bem óbvios - outros nem tanto - para que isso tenha acontecido.

O primeiro deles é a forma como consumimos música hoje. Teoricamente, muita coisa mudou com a boa e já meio velha internet. Se gostamos de algo, principalmente ligado à imagem musical, corremos direto para o Youtube. A música nova, antes muito difundida com as rádios, hoje é facilmente consumida no mundo virtual. E, teoricamente, seria redundante ter conteúdo de internet na TV. Na verdade, discordo desse pensamento, mas discuto isso depois.

O segundo motivo é a carência de novidades relevantes e, ao mesmo tempo, populares. Se a Globo tivesse um programa Top 10 semanal das músicas mais pedidas, ia ser um programinha danado de ruim: Ivete Sangalo, Restart, Fiuk & cia e a banda do Rebolation se repetiriam mais e mais no programa, que tenderia ao mega monstro tédio.

O terceiro é a Mtv. Sim, a Mtv! Só ela, sozinha, é o motivo para a bancarrota da música na telinha. Desde meados dos anos 2000, onde decidiu parar de investir em conteúdo musical e ser uma emissora com programas tão banais quanto as outras, a Mtv fez um "desserviço" à música. Alegando o mesmo primeiro motivo citado acima - o de que não se consome mais música como antes - a emetevê simplesmente abandonou grande parte de sua programação informativa-musical para investir em banalidades. E é nesse ponto que a Mtv era importante.
Gosto de lembrar aqui dos anos 1980 e 1990, onde a música era muito mais presente. O Globo de Ouro era uma parada musical apresentada com os cantores ou bandas tocando ora ao vivo, ora em playback. O programa tinha certo status, principalmente com o sucesso do rock brasil naquela década.

Legião Urbana, ao vivasso, no Globo de Ouro

A Globo tinha, inclusive, um programa de música regional, o Som Brasil (hoje reformulado e dedicado a MPB), onde duplas sertanejas DE RAIZ (esqueça Luan Santana, esqueça!) mandavam ver na viola, ao vivo e cantavam como rouxinóis nas manhãs de domingo.

Lima Duarte apresentando o Som Brasil

Já os anos 1990 foram dominados pela Mtv e pela ótima cena diversificada da música. Tocava de tudo: rapo, pop, rock, indie... e é nessa época que os grandes programas-referência davam força à emissora. Chamo de programas referência aqueles em que, em mais ou menos uma hora, tocavam os sucessos de um determinado estilo musical - os "top 10" americanos e europeus, o rock indie, o metal e até rap brasileiro.

Fúria Metal, com o saudoso Gastão, na Mtv

Os anos 2000 começaram a apagar esses tipos de referência na TV. Acredito eu, pelas emissoras botarem muita fé que a internet fosse bastar para os que quisessem conhecer novas músicas. Outras formas de entretenimento - leia-se reality shows - dominaram a TV nessa década e ganhando espaço definitivo na programação, diminuindo ainda mais a exposição da música como produto.

Para começar meu argumento, proponho um exercício: Experimente digitar "música nova" no Google. Garanto que você vai ficar mais perdido do que antes! Ouvir música nova está igual ou mais difícil do que antes. A internet realmente revolucionou em como consumimos música. Mas ela não resolveu o problema do "por onde começo". Para consumir música.... aliás, para consumir QUALQUER COISA na internet,  você, primeiro, precisa saber quase O QUE VOCÊ QUER. Com música, isso muda, mas só um pouco: você precisa saber, EXATAMENTE, o que você quer.

Programas dedicado à música fazem um importante serviço: eles servem como referenciais. É deles que você nota uma banda nova, ou um(a) cantor(a) interessante e, daí, vai em busca dele. Era esse tipo de serviço que a Mtv prestava aos seus telespectadores. É verdade que, pela internet, conseguimos achar algum site ou alguma indicação indireta de músicas boas - esse Blog é um exemplo. Mas para quem não tem muita paciência para isso ou simplesmente não acha isso muito importante - ou seja, a grande maioria das pessoas - a televisão é fundamental.

Penso que passamos por uma época muito ruim do mundo pop na música. Acho que será difícil, por agora, surgir algum programa interessante de música em nossa TV. Por isso, o jeito é aguardar. E procurar na TV a cabo e, principalmente, nas boas rádios, o que se passa nesse mundo musical de meodeos. Por enquanto, deixo vocês com um dos únicos programas interessantes de música que a Globo produz: Som Brasil. O som é ao vivo, o cenário é foda e as bandas todas revelações excelentes de música brasileira. Pena que é muito tarde e, pior, só toque cover...

Lúdica Música numa versão fodástica de Madalena de Ivan Lins

terça-feira, 6 de julho de 2010

O "estagiário indie" que edita as reportagens no Fantástico

Este post, na verdade, é mais um registro de uma constatação que há tempos eu e alguns amigos vínhamos fazendo. Você, por acaso, já reparou nas músicas que tocam ao fundo nas reportagens - principalmente as do Fantástico? Se você ouve bastante música, aposto que sim. Se não, eu explico:

O Fantástico é um programa que inclui reportagens do tipo "revista eletrônica", que envolve tanto informação quanto entretenimento. E essas reportagens são mais informais. Ou seja, dão pano pra manga pra criatividade dos editores. O que acontece de mais notório é ver algum tipo de arte durante a reportagem (desenhos, gráficos, o que divertir). E, mais ao fundo, mas não menos importante, as músicas incidentais.

Não são músicas inteiras. São pedaços, trechinhos de canções. Geralmente dando o tom do assunto: felizes, contemplativas, dramáticas ou até cômicas. E aí, meu amigo, são nesses trechos que achamos várias músicas muito boas! Essa reportagem é só um exemplo:

Vampire Weekend no comecinho!

Eu, que acho que ouço bastante coisa pop, não consigo identificar tudo. Mas quando ouço um trechinho do Vampire Weekend tocando no domingo à noite, sai um sorriso maroto! E quando toca Arctic Monkeys! Putz! Exclamo na hora! "Aquela primeira música do cd!". E, como disse, não fui só eu que percebi. No dia seguinte sempre rola um comentário do tipo: "ce viu que Gorillaz tocou ontem no Fantástico?" "E a música do Interpol no Globo Esporte?" Além das citadas acima, outras bandas como Groove Armada, The XX, Snow Patrol , Strokes e mais trocentas figuram nas reportagens.

Pois é! Eu sempre achava que tinha uma espécie de "estagiário  indie" que, antes que ia pro ar, reeditava a porra toda colocando esses clássicos que trazia em seu Ipod. Mas, depois de conversar com meu amigo Leandro, descobri por ele que é o próprio repórter que costuma editar a matéria. Ou o editor-chefe. E, no caso do Fantástico, é o sr. Álvaro Pereira Jr.


Álvaro, além de editor-chefe do Fantástico, é colunista da Folha de São Paulo  e crítico musical. Ele é , provavelmente, responsável por um grande montante de músicas boas que vai parar nas reportagens - é só ver quem edita nos créditos. Como bom conhecedor (não sei se ele entende, sei que ele conhece), bota lá suas migalhas de boa música pra todo mundo.

Assim como Leandro também me relatou, o Gabriel Menezes falou sobre o assunto em seu blog. Ele quis discutir sobre as bandas que querem ser conhecidas ou não do grande público. e o consequente "puritanismo", de quem é músico, em valorizar a cena "underground" em detrimento de quem faz sucesso. Eu não quero chegar a tanto. (mas vale a pena ler o que ele tem a dizer).

Minha reflexão é a seguinte: quem bota essas músicas nas reportagens não quer criar uma revolução. Você poderia pensar:" são mensagens subliminares! Para as pessoas desinformadas de música ouvirem coisa boa e aprimorar o gosto musical - tipo aquilo que o Tyler Durden, personagem do filme 'O Clube Da Luta' faz no filme, botando imagens de pênis entre frames de um filme que passa no cinema, só pra zuar"! Na verdade até serve sim (haha! boa!). Mas não é pra tanto.

Pra mim, a diversão é tratar as músicas como easter eggs. (Prá quem não sabe, easter egg é ovo de páscoa em inglês e a expressão dá a idéia de presentes escondidos, já que a brincadeira da páscoa era esconder ovos pra ser um prêmio pra quem os achasse). O editor pensa: vou mandar essa aqui. E a gente que ouve - e conhece - percebe: "po, esse editor mandou muito bem!".

Aliás, ainda bem que temos editores que conhecem música boa. Prá nós que gostamos serve como "vingancinha". Pros que gostam mas não conhecem, podem correr atrás. Já para os que são alienados - infelizmente a maioria - serve de escapismo forçado pra muita coisa ruim que a gente escuta todo dia, seja no rádio, no ônibus, no som alto do ambulante, no agudinho irritante dos celulares com mp3...

 Por isso, desde já, prestem atenção nos sons das reportagens. Elas podem ter belas surpresas guardadas! 

Cheers!

PS: Em homenagem ao Leandro, fica aqui um vídeo do Álvaro Pereira Jr. "conversando" com o Ed Motta no Altas Horas(o embate começa em 5:22):

Álvaro dá um Hadouken em Ed Motta! Finish Him!

OBSERVAÇÃO:Este post não é uma matéria, e sim, um texto analítico, ok? Só juntei A+B.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O que tem de bom pra se ouvir no Brasil?

No embalo do anúncio do Prêmio de Música Brasileira, quis falar sobre o que rola no Brasil. Fui lá ver se tinha algum indicado interessante ou alguma novidade. Uma coisa boa e uma coisa ruim tenho pra dizer, rapidamente. A notícia ruim é que não há, rigorosamente, nenhuma novidade no prêmio em termos de música brasileira. Estão lá os velhos medalhões (Caetano, Maria Bethânea, Zélia Duncan, Ed Motta), um ou outro nome pouco conhecido. Mas não deixa de ser uma coisa muito ruim. A notícia boa: Nenhuma bandinha dessas que fazem sucesso nas rádios com adolescentes (Restart, Fresno, NX Zero e outros) não são nem sequer citados. Prova de que são irrelevantes na cultura musical do país. Ainda bem!

E se você é daqueles que não tem ouvido muita coisa legal por ai - principalmente de rock - mas que gosta de ouvir outros ritmos pra não ficar na mesmice, esse post é pra você! É, você mesmo que tá lendo! Eu quis juntar o útil ao agradável. Todos os meus amigos me pedem sugestão de algo pra ouvir, principalmente quando querem novidade. E, nesse post, vou botar 3 artistas não tão famosos mas que fazem um som muito bom.

Max de Castro
Você, provavelmente já ouviu falar do filho do Wilson Simonal. Mas, diferente do seu irmão Wilson Simoninha, Max resolveu iniciar sua carreira musical misturando rock com eletrônico (muito hypado na época em que lançou sua carreira, anos 2000). Lançou "Samba Raro" em 2002, "Orquestra Klaxon" em 2003, e "Max de Castro" em 2004. Mas, pra mim, nenhum deles é melhor do que "Balanço das Horas", de 2006. Nesse último, ele faz composições excelentes com um som rock 'n'roll quase de garagem, mas muito bem produzido. Não deixa nenhuma banda indie americana ou inglesa prá trás. E falo muito sério.

Max de Castro - No Balanço das Horas

Essa mulher era pra ter feito sucesso há algum tempo. Luisa gravou e ajudou a compor no álbum de Rodrigo Campos (chama "São Mateus não é um lugar assim tão longe". Interessou? Vá no MySpace dele). E também gravou seu álbum, mas não o lançou pois estava esperando uma oportunidade pra fazê-lo bem. E não é que a oportuidade apareceu? O álbum vai sair pela gravadora da Oi no 2º semestre.  Influenciada pelo samba jazz, Luisa tem uma voz afinada e timbre de veludo! Mistura MPB com uma pegada pop muito interessante. Ouve aí:

Luisa Maita - Alento

Luisa Maita - Lero-Lero

Fino Coletivo
Lançado em 2007, o primeiro CD dos caras("Fino Coletivo") é muito bom. Cariocas que são, fazem um samba cadenceado com elementos de black music, funk(James Brown & afins, ok?) e pop. Mandam muito bem nas letras e no vocal, coro uníssono e difícil de confundir. Lançaram o segundo álbum este ano, "Copacabana", que está mais ensolarado e festivo. E, claro, mantendo o nível excelente das músicas. 

Fino Coletivo - Boa Hora

Quando puder, vou postando novidades que gosto de ouvir e compartilho. Enjoy e inté!

domingo, 4 de julho de 2010

A música (e não o vídeo) da Lady Gaga


Tooodo mundo já viu e ouviu o novo clipe da Lady Gaga: Alejandro. (Não viu? Tá atrasado, hein! Clique aqui). Saiu matéria na Veja, Rolling Stone comentou, G1, Terra e onde mais você pensar. Prá resumir, no vídeo, Lady Gaga copia e cola Madonna com suas devidas boas pinceladas.

Explicando: Lady Gaga fez um vídeo com referências muitíssimo bem feitas a alguns vídeos que Madonna lançou na década de 90. Todos escolhidos a dedo. De alguma forma, tanto videoclipes quanto as músicas escolhidas como referência para o videoclip tinham coisas a dizer. Além disso, foram bem polêmicos, uns mais, outros menos, em suas devidas épocas como singles.

E essa é uma tendência - a de fazer vídeos bem feitos de uma maneira geral - que vem se repetindo. Bad Romance e Telephone são outros dois clipes da Gaga visualmente muito ricos, bem produzidos e faz a LG ficar com pose de fodona, maioral e até parecer bonita.

E agora eu paro e pergunto: e a música? Melodia, harmonia, letra?

Ahá! Todo mundo ouviu e metade se tocou. Muita gente na internet, ao ouvir a música, fez a mesma associação. Principalmente quem tem seus 25, 30 anos. "Alejandro" é muito parecida com uma música do Ace of Base que chama "Don't Turn Around"


Lady Gaga - Alejandro


Ace of Base - Don't Turn Around


...e isso trouxe vários mashup's(sabe quando você mistura duas músicas?). Taí um deles:


Lady Gaga+Ace of Base (Anthony Garcia Mashup)

O Ace of Base foi uma banda sueca que fez muito, mas muito sucesso no início da década de 1990. Aqui no Brasil, principalmente, muitas das suas músicas tocaram sem parar nas rádios e contagiou a época do chamado "bate-estaca". Corona, Dj Bobo, Double You e La Bouche são algumas das bandas que bombaram.

Olha o Ace of Base pouco depois do sucesso!

Onde eu quero chegar? Se a gente imaginar que um ícone pop de HOJE fez uma música muito parecida com uma banda DE 18 (DEZOITO!) ANOS ATRÁS é porque tem alguma coisa errada na música(repito, letra, melodia, harmonia)! Se alguém ouvir e prestar atenção na letra de "Alejandro" não vai ver nada demais: "Não quero um beijo seu, eu quero te amar, você é quenta, não posso te amar, bla bla blá, tereréu". Alguém me fala: o que a letra e música de "Alejandro" tem a ver com todo aquele visual fodão, referencial e de tanta badalação? NADA! Simplesmente NADA!

É muito esquisito você confrontar as duas coisas, música e vídeo. É de uma incongruência chocante! E, já que a gente comparou LG com Madonna, vamos comparar as letras também: em "Like a Prayer", Madonna fala de um amor proibido por um padre. E tasca uma bitoca no rapaz!; em "Vogue", Madonna relaciona "fashionismo"(ou a sociedade do consumo) ao que existia de mais popular, que era o próprio sucesso dela; em "Erotic/Justify My Love" ela publicou um livro de fotos que deixava qualquer mulher mais avançadinha de cabelo em pé, sem contar no tom sadomasoquista que tinha nas letras de suas músicas. Todos esses clipes - e só os clipes! - foram reinterpretados por Lady Gaga de uma forma visualmente muito foda.

Mas e a música de Lady Gaga? Fala de um amor proibido por um latin lover e fica fazendo doce, fumando um cigarrinho e cheia de não me toque (a tradução com a letra original aqui).

E olha que estou falando de uma música específica dela. Se você pegar "Telephone", outro vídeo da LG e comparar com a letra, é até pior (no sentido que eu estou falando acima). A música fala de alguém que não quer ser incomodada pelo telefone (e mesmo assim atende!!!) porque está, provavelmente, chorando as pitangas numa danceteria/boite/inferninho e afins. E o que mostra o clipe? Uma presidiária que foge com sua namorada, mata todo mundo em uma lanchonete de estrada envenenando geral e saem impunes, discutindo a relação numa SUV amarela fugindo para o México.


Eu não desgosto da Lady Gaga, longe disso! E sou digno de aplausos a ela quando ela lança suas novidades. Só que, desde que a MTV foi inventada, não podemos dissociar, hoje, música e vídeo.(Para o bem ou para o mal). Estou aqui fazendo meu parecer do que ela canta e tentando relacionar com o que ela apresenta.

Se a música(letra, melodia, harmonia), em sua essência, foi também referência ao "bate-estaca" do Ace of Base, ela o fez muito mal. Misturou água e óleo: contextos diferentes que nunca se relacionaram. Madonna e Ace of Base nunca se cruzaram na esfera pop.

E, por causa disso, as músicas que a LG cantam não condizem com a imagem que ela passa ou quer passar. Em minha modesta opinião de merda, isso são sinais dos tempos. Sofremos de uma falta de referência musical boa, que tenha alguma coisa interessante pra dizer ou que faça a gente pensar ou se espantar. Lady Gaga precisa mudar seu discurso musical. E urgente!