terça-feira, 27 de julho de 2010

A Geração Saudosista. Você está nela?

É impressionante como o saudosismo virou negócio: livros, revistas, vídeos, filmes, música. Para todo lugar que você vê, tudo tem que ser lembrado. A memória recente - ou, o saudosismo, citado até de forma pejorativa (nostalgia?) - se tornou palavra comum. Muito comum. Isso não acontece à toa. Falamos muito sobre o que nos aconteceu na infância, adolescência, sobre o que víamos, comíamos, ouvíamos, vivíamos. (Uma reportagem do G1 mostra muito bem esse "fenômeno", não muito novidade).

O maior expoente dessa história, a "Geração 80", está aí pra não me deixar mentir. Começou como algo cult, se tornando algo comum, até povoar, maciçamente, qualquer festa de formatura e casamento que se preze. Eu, nascido exatamente no início dessa década, vejo com muita proximidade esse fenômeno. Virou chavão, no meio de qualquer festa, ter um set de músicas tocando Balão Mágico, Xuxa, Trem da Alegria, Paquitas e afins. Já presenciei uma criança, de seus 12 anos, me perguntar porque tocam essas músicas de criança que ela não conhece e que adultos se acabam de dançar. A solução é dar de ombros: vá entender!

Léo Jaime, Evandro Mesquita, Leoni, Roger e Ritchie (abaixo): "reis" dos anos 1980.

Mas essa forma de saudosismo não termina por aqui e nem fica restrito aos anos de 1980. Quem já não dançou, ultimamente ao som de Corona, Ace of Base ou Gala numa festinha, lembrando a década de 1990? Ou até mesmo relembrando o som grunge (Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden) , prá mim, o último suspiro de protesto cultural relevante na música?


Nirvana!

 Como disse anteriormente, este fenômeno de "sedução da memória" - parafraseando o filósofo Huyssen -  está aí não é à toa. Nossa forma de ver o mundo e, principalmente, de lidar com a memória tragos pela internet, mudou. E de uma maneira muito rápida e brusca.

 A internet deixou tudo acessível, livre de amarras, tudo mesmo, ao alcance. Os mais velhos, que não são tão familiarizados com a internet, se vêem perdidos, pois aprenderam de outra forma sobre o que é e o que não é relevante. Já as novas gerações não dão conta de tanta informação. E, por isso, não conseguem criar as referências necessárias para "lembrar" de algo bom. Consequência: ninguém se acha nessa brincadeira.

Por isso, enquanto os mais velhos buscam o refúgio - ou a referência saudosista - nos discos da Xuxa e Balão Mágico, as novas gerações não viram, ainda, nada de interessante que as fizessem se lembrar de algo bom. Mesmo que seja o de ontem. Hoje, os maiores sucessos musicais são os chamados meme, que são repetições de futilidades transformadas em música que fazem sucesso por uma semana e se perdem na imensidão informacional da rede.

Eu não sei se consegui chegar aqui num consenso ou numa conclusão específica. Acho que o texto é mais em um tom de desabafo e de sustentação do argumento de que estamos carecidos de coisas boas pra ouvir ultimamente e lembrar com gosto. Pois o que faz sucesso hoje são Justin Bieber e Lady Gaga. A continuar assim, ainda vamos dançar muito "Estica e Puxa" e "Piuí Abacaxi" nas formaturas, bailes de debutantes e casamentos de todo Brasil...

 Não me orgulho de botar esse vídeo no Blog...tudo pela informação...rs...

3 comentários:

  1. Essa foi terrível mesmo. Acho muito chato essas músicas dos anos 80 que tocam nas festas, o que era bom ninguém toca. Mas acho que o pessoal dança com vontade pq estão todos bêbados.
    hahahahahahaha

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  2. Véi... Eu penso que ao invés de saudosistas, há duas coisas. Um público que fico sem pai nem mãe, e um movimento natural das pessoas que sempre tiveram suas preferências.

    Primeiro, há um mal estar na cultura Pop que está em um momento de crise. Não há nada consagrado hoje em dia, não sei se você já reparou isso. Quem se consagrou até o final do século passado, ou não teve fôlego para aguentar a pressão ou, simplesmente morreu.
    Então, os adeptos do Pop sem ter uma referência, estão buscando refúgio nos ídolos do passado para satisfazer seu desejo de cultuar o consagrado. Como o mercado está todo voltado ao "cherry picking", a massa ficou despatriada! E, cultura Pop é cultura de massa. Alo, alô mercado Pop!!!

    Para quem sempre teve suas preferências, revisitar o passado não passa do que chamamos de reviver os clássicos. Destes, meu amigo, ninguém enjoa... E, para esse público, toda novidade será avaliada segundo suas preferências e REFERÊNCIAS, que isso fique bem claro.

    Digo isso, porque gosto de clássicos, no meu caso, os do Rock. Mas isso não quer dizer que não curta outros estilos. No que diz respeito às músicas brasileiras, por exemplo, eu me surpreendo do quando gosto das músicas com ritmos mais regionais, e em muitos casos, dos clássicos... Muitos dos quais, pra mim, acabam sendo novidade. Afinal, sou apenas um leigo interessado.

    Vlw manim! Abraços!

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  3. @carlosrodrigo Fala Rodrigo!
    Voce também está certo. Na verdade não se consome mais música como a alguns anos atrás. A indústria fonográfica definhou de uma maneira muito forte e definhou a relação entre música e expressão cultural(na minha opinião de merda).
    Não tento taxar de certo ou errado a questão de ser saudosista. Eu também gosto de muita coisa do passado. Mas temos que tentar separar o que vale e o que não vale a pena. A gente, é óbvio, pode se divertir com algumas coisas ruins tb, ninguém é de ferro. O problema é quando se trata a coisa ruim como algo realmente relevante.
    Mas esse papo dá pano prá manga! hehehe!
    Abração!

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