terça-feira, 30 de novembro de 2010

Blame Canada! Or not...


Quem já viu o filme do South Park sabe do que estou falando. Nele, fazem uma brincadeira com o Canadá que, por causa de um motivo bobo, passa a ser culpado de todas as mazelas que acontecem nos EUA. O filme mostra um pouco esse preconceito velado pelo qual os canadenses passam. Muita gente acha que esse país vive à sombra dos Estados Unidos, o que não é verdade.

MAS (e tem sempre um "mas") há sempre os que denigrem , um pouco, a imagem do todo. Nosso amigo teen Justin Bieber não me deixa mentir. Na minha opinião (sempre, de merda), o problema nem é sua música mas a exagerada exposição de mídia que ele tem. De 10 matérias em site, 1 tem que ser falando sobre ele. Se o garoto espirra, lá está a notinha de fofoca. Ou se ele muda o penteado, tá lá na capa da Capricho. É impressionante como temos a capacidade de tornar algo irrelevante uma notícia.

Mas não vou me estender nesse assunto pois o post é outro! Tem um fato engraçado: todas as bandas ou artistas musicais que cantam em inglês são colocados no mesmo saco como sendo americanos. Isso se deve muito à etnia e ao sotaque dos canadenses, bem semelhantes ao do seu país vizinho. Aposto que, muita gente que tá lendo não sabia que o Bieber era canadense, por exemplo. E junto com essa, vão outras revelações: Alanis Morissette, Rush, Neil Young, Bryan Adams(sic) e Avril Lavigne(sic sic sic) são do Canadá! Tudo bem, um ou outro dessa lista não é lá essas coisas, mas o Canadá tem artistas notáveis. Meu objetivo é mostrar a nata da nata canadense, aqueles artistas ou bandas que acho fodões e não aparecem lá tanto assim. Não é, Sr Bieber?

Arcade Fire

Essa banda, de Montreal, entrou no cenário indie lá pelo meio da década ´00 e fez relativo sucesso com seu primeiro álbum, "Funeral". Eles mesclam um som bem trabalho com um vocal que soa um tanto desesperado e melancólico. Eles mesclam, além de guitarra, baixo e batera, vários outros instrumentos, tipo violoncelo, xilofone e harpa. Um pouco do seu sucesso também está pela notável presença de palco da banda. O novo álbum dos caras, "The Suburbs" foi considerado um dos melhores álbuns de 2010 pela revista fodona inglesa New Musical Express. Ficou empolgado? Olha uma música que os caras tocam num show lotado no Madison Square Garden:



Metric

O quarteto de Toronto é de som poderoso! Com uma vocalista feminina afinadassa (Emily Haines) e uma guitarra pesada, fazem um hard rock indie dos bons. A banda tem 4 álbuns até agora e esse ano ganharam, com o álbum "Fantasies", o prêmio de melhor álbum de rock alternativo do Canadá no Juno Awards. Junte a isso a presença de uma música deles na trilha do filme "Scott Pilgrim Contra o Mundo", cantando "Black Sheep", composta pro filme. Música foda para caralho! Ta aí embaixo.



The Stills

Uma das minhas bandas favoritas de todos os tempos. Eles são de Quebec e a banda se formou no ano 2000. É uma das primeiras bandas, junto com os Strokes, a caracterizar o uso de duas guitarras com sons complementares (cada guitarra faz um som diferente, formando um andamento, diferente de base e solo, onde uma guitarra "segura" a música e a outra faz firula). Eles combinam sons e ruídos com uma melodia muito bem feita. Além disso, o álbum de estréia ("Logic Will Break Your Heart") é qualquer coisa de brilhante! Com os outros álbuns (3 no total) foram aos poucos refinando seu som cada vez mais. Os caras já abriram shows pro Paul McCartney e Kings of Leon e são excelentes músicos. A música do álbum de estréia que tá no vídeo abaixo ("Still in Love Song") e é das minhas prediletas. Suei pra achar o vídeo pra incorporar, então aproveite!



Feist

Apesar do material que ela lançou por último não ser assim tão recente, é o que tenho mais ouvido ultimamente. Leslie Feist já fez parte da banda Broken Social Scene, um conglomerado de artistas (até o pessoal do Metric aí em cima já participou) e, depois, foi fazer seu vôo solo. Eu ouvia seus álbuns até ver um show seu pela TV, onde fiquei realmente impressionado. Além da voz aveludada de um timbre bem suave e ao mesmo tempo potente, ela mostra uma habilidade foda com a guitarra e com os apetrechos que ela usa nos shows. A moça, que é de Calgary, tem 3 cd's lançados e começou a deslanchar musicalmente com o segundo, "Let It Die". Mas a moça ficou realmente famosa depois de um de seus clipes ter sido usado na propaganda do iPod: "1,2,3,4". E nem é a melhor música dela. Mas vou postar o vídeo, que é bom mesmo assim.



Vou botar outro, pra mostrar a moça ao vivo. Foda-se post grande....rs...


Espero que, agora, não culpem tanto assim o Canadá! E viva a folinha de bordo*!

*Pra quem não sabe, é aquela folha na bandeira do Canadá =P

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Sertanejo Universitário: Você está ouvindo a mesma música em loop!


Esse post foi, digamos, "incentivado" depois que fui na formatura de 2º grau de minha sobrinha. Em Minas - e em uma parte maciça do Brasil - o chamado "sertanejo universitário" é um estrondoso sucesso. Vide a repercussão sobre Luan Santana, Victor e Léo e os CD's de coletânea da Somlivre que não param de serem anunciados na emissora do finado Roberto Marinho. Não se fala de outra coisa.

Este chamado "sertanejo universitário" nada mais é do que música pop meio mascarada. Digamos que a parte sertaneja fica por conta das melodias meio cancioneiras inspirados lá dos tempos de Chitãozinho e Xororó, Zezé & Luciano e no country americano. A parte universitária responde à harmonia (a música sem a parte cantada) que é pop até o último fio de cabelo. Isso tudo é requintado com solos brega com guitarras, digno de Amado Batista.

Na verdade eu não tinha muita implicância com o gênero pois é mais aceitável para os ouvidos do que outros ruídos por aí que chamam de música/manifestação cultural (de merda!). Só depois de escutar várias delas em seguida e sem querer, eu notei uma coisa: estava ouvindo a mesma música, em forma de loop! Eu explico:

Você já deve ter ouvido uma música com os mesmos acordes que outra música tem, certo? Tipo "La Bamba" do Ricky Valley e "Twist and Shout" dos Beatles. Bandas de formatura costumam tocar inclusive essas músicas emendadas umas nas outras, pra não perder o ritmo, sacomé..."Open Your Eyes" do Snow Patrol e "I Got a Feeling" do Black Eyed Peas também são meio assim, "parecidas"(pra não falar iguais). Se você ainda está boiando, ouve só:

Snow Patrol (Open Your Eyes)+Black Eyed Peas (I Got a Feeling)


A maioria das vezes em que isso acontece é por coincidência (um não tem a menor intenção de copiar o outro) e por uma coisa muito comum na música pop: o formato da música. É como se você, pra fazer uma música, usasse uma mesma fôrma de bolo: eles vão ficar iguais, mas vão ter sabores diferentes, dependendo da receita. Algumas receitas, como o "bolo de chocolate" é sempre muito usado, tanto na cozinha como na música. Aí mora o problema.

Existe, na música pop, uma fórmula muito usada. E ela serve pra qualquer tom que a música tenha. É difícil explicar sem ser de forma técnica mas vou tentar: é como se você usasse uma régua marcada com 4 buracos (acordes) e, usando aquela régua, você conseguisse sempre uma excelente medida (harmonia da música) marcando os buracos nas suas distâncias certas, seja qual for seu ponto de início (tom da música).  Usar a régua marcada é quase garantia de sucesso.

Eu me espantei como essa régua é usada, descaradamente, nesse sertanejo universitário. Pedi a um amigo que conhece as músicas sertanejo-universitárias que estão fazendo sucesso que me passasse uma lista com umas 12 músicas mais ou menos. Eu fiquei espantado com o que ouvi quando juntei algumas delas. O resultado eu comprovo abaixo (Não se preocupe, são só trechos. Você não vai precisar ouví-las na íntegra =D):

Luan Santana (Adrenalina) + Paulo Leite e Cristiano (Tô Fora) + Victor & Léo (Ao Vivo e Em Cores)


Com 3 músicas deu pra fazer uma só! E é bom que economiza também, pois se eles fizerem show juntos dá pra contratar só uma banda! E não pára por aí, tem mais:

Guilherme e Santiago (Tá se achando) + Maria Cecília e Rodolfo (Você Não Merece) + César Menotti e Fabiano (Labirinto)*

*Um detalhe: a música do César Menotti e Fabiano é meio tom maior do que as outras duas, mas que não causa muito prejuízo na hora de escutar.

Os dois "mix" de música usam a tal fórmula da régua. E o mais impressionante é que nem o ritmo (velocidade) delas muda: é sempre a mesma levada. Isso mostra uma pobreza musical sem precedentes. Imagine que você ganha um CD com, sei lá, 12 músicas e percebe que 6 delas são praticamente A MESMA MÚSICA! Não estou falando de músicas parecidas, estou falando DA MESMA MÚSICA! Os mais chatinhos vão falar que a letra é diferente, que a melodia também é... mas você consegue ouvir essas compilações e ficar indiferente a isso? Acredito eu que não.

Esse formato não se restringe a música sertaneja universitária. Muitas outras músicas internacionais padecem do mesmo mal. Esse vídeo - muito bom, por sinal - tira sarro disso:



Não estou querendo acusar estes artistas de serem levianos ou que usaram essa fórmula pra fazerem sucesso. Quis demonstrar aqui que a criatividade e a falta de coisas novas no mercado fazem com que fiquemos achando que esse movimento é uma grande novidade em termos musicais. E meu problema não está, necessariamente no formato das músicas, e sim, no uso à exaustão de um recurso muito pobre em criatividade e frescor musical.

Não sou preconceituoso com música brasileira, prova disso são as várias recomendações de músicas e artistas do Brasil com altíssima qualidade (segundo minha opinião de merda). A gente sabe: muitos dessas duplas aparecem com os modismos e somem na mesma velocidade, assim, de repente. O que eu quis mostrar como é fraco o mercado de música para as massas no Brasil. Por isso, prestem atenção aos ouvidos e, se puder, ouça algo que não sejam os mesmos 4 acordes, ok?

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Trilhas sonoras: as melhores coletâneas do mercado.

Sou eu, de volta a escrever no blog! E para esse retorno, resolvi juntar duas coisas que gosto e por o assunto na roda: cinema e música! E não tem como pensar em cinema sem pensar em música. Fazer estas duas coisas trabalharem em conjunto pode ser feita de uma maneira muito próxima - os filmes-musicais - ou onde um barulho pode ser uma trilha sonora. Com a qualidade das coletâneas musicais e das músicas incidentais presentes nos filmes e transformadas em álbum, apresento no post os diversos tipos de trilha sonora que existem no mercado.

Juntar música e cinema é como juntar dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Não há combinação mais perfeita. Digo isso não só pela incorporação óbvia de imagem e som. Experimente ouvir a mesma trilha sonora antes e depois de ver um filme. É impossível ficar indiferente. Gostando ou não do filme, a sua percepção muda completamente. E é isso que torna, muitas vezes, determinadas trilhas sonoras tão significativas.

Existem vários tipos de trilha sonora, e neste post vou tentar explicá-las, mesmo que de uma maneira meio "basicona". E o primeiro tipo é composto de canções de um filme musical, onde as músicas tem a mesma ou maior relevância do que o próprio filme. Sem elas músicas, a própria história contada não faria sentido pois a música é sua razão de ser. Na verdade, musicais não fazem sentido nenhum - ou você acha que, do nada, num dia comum de trabalho, você começa a cantar alegremente e seus co-workers fazem coro pra você, como se fosse algo mais normal do mundo? - . Geralmente as músicas são compostas especialmente pro filme. Ou o filme é feito por causa da música. Enfim, o fato é que essas costumam ser as piores trilhas(e piores filmes também). Porque filmes musicais são em sua maioria, um porre! Bom, "Grease" (Nos tempos da Brilhantina) ou, sei lá, "Chicago" são exemplos desse tipinho de filme chaaaaato:

John Travolta e Olívia Newton John - You're The One That I Want (Trilha de "Grease")

O segundo tipo de trilha sonora são as de músicas de fundo para as cenas dos filmes. Geralmente orquestradas, muitas dessas trilhas não fazem muito sentido se ouvidas sozinhas, como peças musicais. Elas só ganham relevância pra quem assiste o filme, onde a música evoca as sensações e percepções sentidas naquele momento. A trilha do Vangelis para Blade Runner ou a trilha do Hanz Zimmer de Inception (A Origem) são dois desses exemplos. Impossível ouvir Edit Piaf tocada de forma distorcida e não lembrar das cenas em slow motion feitas por Christopher Nolan.

Hanz Zimmer - Half Remembered Dream (Trilha de "A Origem")

O terceiro tipo, e o mais comum, é a coletânea das várias músicas pop que preenchem o filme. As músicas são selecionadas de acordo com a característica da obra e, muitas vezes, pelo próprio diretor. E, ainda dentro desse meio, existem mais 3 modalidades.

---A primeira é a de uma simples coletânea: pegam-se músicas existentes ou já gravadas que serviram ao filme (Nem sempre estarão todas elas). Este é o tipo de trilha sonora ideal pra se conhecer bandas e artistas diferentes. Os seriados americanos e os filmes sobre cultura pop costumam reservar as mais surpreendentes delas. Os filmes "Transpotting", "500 Dias com Ela" e os seriado "Grey's Anatomy" e a falecida série "The O.C." tem trilhas excelentes!

The Passanger - Iggy Pop (Trilha do filme "Transpotting")

Regina Spektor - Us (Trilha de "500 dias com Ela")

Peter, Bjorn & John - Young Folks (Trilha de "Grey's Anatomy")

Spoon - The Way We Get By (Trilha de "The O.C.")

---A segunda, e essa é a mais rara de acontecer pela sua especificidade, é quando bandas ou artistas gravam covers (músicas de outros artistas) para compilar no filme, como uma homenagem. E, como vocês podem imaginar, as regravações são feitas especialmente para a trilha. Duas delas servem de exemplo. Uma delas é do filme "Não é Mais um Besteirol Americano", onde bandas de rock mais recentes "homenageiam" o repertório pop dos anos 80. A outra é a do filme " Uma Lição de Amor" (horrível 'tradução' do original "I Am Sam") onde artistas e bandas consagradas regravam Beatles!

Marylin Manson - Tainted Love (Trilha de "Não é Mais um Besteirol Americano")


Eddie Vedder - You've Got to Hide Your Love Away (Trilha de "I Am Sam")

---A terceira é a modalidade mais, digamos, especial de todas. Não é somente uma compilação e, sim, músicas pop criadas para o filme. Ou seja, você não irá encontrar estas canções nos álbuns daqueles artistas participantes da coletânea. A decisão de se fazer essas trilhas se definem pela grande publicidade ao redor do filme ou mesmo pelo caráter especialmente musical que a película possui. Dois exemplos pra explicar: o filme "Godzilla", que investiu pesado no seu marketing, tratou de chamar as bandas de hard rock de mais sucesso na época para compor. Já em "Nick e Norah - Uma Noite de Amor e Música", onde o filme é pautado no universo indie, algumas bandas dessa cena foram chamadas a compor. Aí vai uma palinha:

Jamiroquai - Deeper Underground (Trilha de "Godzilla")


We Are Scientists - After Hours (Trilha de "Nick e Norah...")


Pra mim, a trilha sonora é sempre "parte integrante, não podendo ser vendido separadamente". Ela lembra o filme, que por sua vez lembra a trilha e por aí vai. Uma dica que dou é, sempre que puder, ouça a trilha antes de ver o filme. Ela se transforma em algo espetacular depois dessa experiência, principalmente se o filme recebeu suas boas impressões.
Vou ficando por aqui, mas não antes de dar as devidas(e atrasadas) boas-vindas ao Ricardo e a Ana Paula! Que o hábito de discutir música sempre instigue as mentes e as mãos deles para publicarem por aqui! Obrigado aos dois! E até a próxima, pessoal (final mais Pernalonga, impossível!)