terça-feira, 30 de novembro de 2010
Blame Canada! Or not...
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Sertanejo Universitário: Você está ouvindo a mesma música em loop!
A maioria das vezes em que isso acontece é por coincidência (um não tem a menor intenção de copiar o outro) e por uma coisa muito comum na música pop: o formato da música. É como se você, pra fazer uma música, usasse uma mesma fôrma de bolo: eles vão ficar iguais, mas vão ter sabores diferentes, dependendo da receita. Algumas receitas, como o "bolo de chocolate" é sempre muito usado, tanto na cozinha como na música. Aí mora o problema.
Existe, na música pop, uma fórmula muito usada. E ela serve pra qualquer tom que a música tenha. É difícil explicar sem ser de forma técnica mas vou tentar: é como se você usasse uma régua marcada com 4 buracos (acordes) e, usando aquela régua, você conseguisse sempre uma excelente medida (harmonia da música) marcando os buracos nas suas distâncias certas, seja qual for seu ponto de início (tom da música). Usar a régua marcada é quase garantia de sucesso.
Eu me espantei como essa régua é usada, descaradamente, nesse sertanejo universitário. Pedi a um amigo que conhece as músicas sertanejo-universitárias que estão fazendo sucesso que me passasse uma lista com umas 12 músicas mais ou menos. Eu fiquei espantado com o que ouvi quando juntei algumas delas. O resultado eu comprovo abaixo (Não se preocupe, são só trechos. Você não vai precisar ouví-las na íntegra =D):
Luan Santana (Adrenalina) + Paulo Leite e Cristiano (Tô Fora) + Victor & Léo (Ao Vivo e Em Cores)
Com 3 músicas deu pra fazer uma só! E é bom que economiza também, pois se eles fizerem show juntos dá pra contratar só uma banda! E não pára por aí, tem mais:
Guilherme e Santiago (Tá se achando) + Maria Cecília e Rodolfo (Você Não Merece) + César Menotti e Fabiano (Labirinto)*
*Um detalhe: a música do César Menotti e Fabiano é meio tom maior do que as outras duas, mas que não causa muito prejuízo na hora de escutar.
Os dois "mix" de música usam a tal fórmula da régua. E o mais impressionante é que nem o ritmo (velocidade) delas muda: é sempre a mesma levada. Isso mostra uma pobreza musical sem precedentes. Imagine que você ganha um CD com, sei lá, 12 músicas e percebe que 6 delas são praticamente A MESMA MÚSICA! Não estou falando de músicas parecidas, estou falando DA MESMA MÚSICA! Os mais chatinhos vão falar que a letra é diferente, que a melodia também é... mas você consegue ouvir essas compilações e ficar indiferente a isso? Acredito eu que não.
Esse formato não se restringe a música sertaneja universitária. Muitas outras músicas internacionais padecem do mesmo mal. Esse vídeo - muito bom, por sinal - tira sarro disso:
Não estou querendo acusar estes artistas de serem levianos ou que usaram essa fórmula pra fazerem sucesso. Quis demonstrar aqui que a criatividade e a falta de coisas novas no mercado fazem com que fiquemos achando que esse movimento é uma grande novidade em termos musicais. E meu problema não está, necessariamente no formato das músicas, e sim, no uso à exaustão de um recurso muito pobre em criatividade e frescor musical.
Não sou preconceituoso com música brasileira, prova disso são as várias recomendações de músicas e artistas do Brasil com altíssima qualidade (segundo minha opinião de merda). A gente sabe: muitos dessas duplas aparecem com os modismos e somem na mesma velocidade, assim, de repente. O que eu quis mostrar como é fraco o mercado de música para as massas no Brasil. Por isso, prestem atenção aos ouvidos e, se puder, ouça algo que não sejam os mesmos 4 acordes, ok?