quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Os "Samplers" e a Música Eletrônica dos anos 2000

Esse post, novamente instigado pelo Fabiano (aquele cretino que me dá ótimos assuntos, mas ajudar a escrever que é bom, nada...rs...) quando estávamos em uma discussão sobre músicas covers. Numa dessas, ele me lembrou dos grandes artistas eletrônicos dos anos 2000 que foram ovacionados, na época, como grandes criadores musicais. Nomes como Moby, Daft Punk, Groove Armada são alguns dos que usaram e abusaram dos samplers, numa forma não muito original, mesmo assim levando muito crédito pelo pouco que faziam.

Pra exemplificar o que falei aqui, acho que grande parte dos que estão lendo conhecem pelo menos um sampler bem famoso que retrata o que eu estou querendo dizer. No filme "Pequena Miss Sunshine", todo mundo reparou que a música da apresentação da garotinha era bem conhecida, mas a letra estava um pouco mudada. Na verdade a música em questão era a original "Super Freak", sampleada por Mc Hammer e virou "U Can't Touch This".

Rick James e Mc Hammer . Peraí, a calça cagad... digo, saruel vem daí, MC Hammer???

O sampler é, basicamente, o uso de pedaços de uma música que já existe afim de se criar uma outra. E o desenvolvimento dessa técnica veio de acordo com a evolução dos gravadores, mixadores e geradores de loops (repetições de um mesmo pedaço de música) que começaram a modelar os vários tipos de samplers "existentes no mercado". A música eletrônica e, mais descaradamente, o rap, usam e abusam desse recurso.

Ao longo dos anos, vimos o rap estabelecer o uso de uma forma descarada dos samplers: a base é praticamente a mesma da original e o rap é declamado em cima daquilo. Esse tipo de sampler não contribui em termos de criatividade musical. O que ele faz é o simples resgate de músicas excelentes e agora fazem sucesso de outra maneira. O intrigante é que só reconhecemos os samplers de músicas extremamente famosas. Em 90% dos raps americanos que se utilizam de uma harmonia mais elaborada, com metais, baixos e guitarras muito bem feitos, pode apostar que aí é sampler. Quer ver? (a coisa toda do rap samplear dessa maneira já se conta hoje como favas contadas: se estabeleceu que o rap/hip-hop é feito assim).


Jay-z (Roc Boys) e Menahan Street Band (Make the Road By Walking). Começa a 1:12 no video da direita.

Daí, nos anos 2000, veio o frenesi da música eletrônica em que todo mundo achou que essa era a vanguarda. Nesse meio, surgiram vários artistas que despontaram misturando samplers, tocando em cima dessas bases prontas com outros instrumentos musicais e, com isso, iam, supostamente, fazendo novas músicas. Alguns, como o The Chemical Brothers, se aperfeiçoaram nessa arte e realmente conseguiram reinventar várias sonoridades. Ou seja, as músicas que eles criam tem seus samplers em determinados momentos, mas elas nunca deixam de ser originais. Vai um exemplo (se eu colocar todas as músicas que compuseram essa única, o post fica inviável. Por isso mesmo, será só uma palinha).



Chemical Brothers (Star Guitar) e Electronic System (Flight to Venus): Lembra, mas não é a mesma coisa.

Alguns artistas se saíram bem na "arte do sampler", outros nem tanto. Um exemplo descarado é o Moby, que fez muito sucesso com seu álbum "Play" e é o álbum mais famoso do careca americano. Mas Moby está longe de ser o gênio criativo que todo mundo viu. Olha só a cara de pau do rapaz:


Moby (Natural Blues) e Vera Hall (Trouble So Hard). Fazer uma base assim, até eu!


Tem outros como o Moby: e essa do Groove Armada?

Groove Armada (My Friend) e The Fatback Band (Got To Learn How To Dance). Ctrl+C e Ctrl+V!



Tem essa do Modjo...


Modjo (Lady Hear Me Tonight) e Chic (Soup For One).

...e, Daft Punk! Até tu, Daft Punk?


Daft Punk (Harder, Better, Faster, Stronger) e Edwin Birdsong (Cola Bottle Baby).

Bom, o que quero argumentar aqui (e que é argumento do Fabiano também) é que nós, simples mortais, que não conhecemos esse mundaréu de músicas antigas e boas que existem, não identificamos o que é criado do que é sampleado. Até porque, a maioria dessas músicas são bem desconhecidas por parte do público. O que incomoda são esses artistas levarem o crédito de músicas que eles não criaram, somente copiaram e colaram, literalmente. E não estou aqui para desacreditar esses artistas, até porque gosto da maioria aqui citado, sendo samplers ou não. É questão de botar as coisas em seu devido lugar. Saiba que muita gente anda sampleando por aí e você não sabe! Ou sabe?


Amy Winehouse (Tears Dry On Their Own) e Marvin Gaye (Ain't No Moutain High Enough).

Quer saber mais samplers? O site Who Sampled é a fonte! Divirta-se!

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