segunda-feira, 12 de julho de 2010

A falta de programas musicais na TV

Já reparou o quanto você não vê de programas de música na TV? É pouquíssimo, quase nenhum, o espaço que as emissoras dão a música (Faustão, Caldeirão do Hulk, essas coisas não contam pois não são programas de música, ok?). Pensando cá com os meus botões, vejo alguns motivos bem óbvios - outros nem tanto - para que isso tenha acontecido.

O primeiro deles é a forma como consumimos música hoje. Teoricamente, muita coisa mudou com a boa e já meio velha internet. Se gostamos de algo, principalmente ligado à imagem musical, corremos direto para o Youtube. A música nova, antes muito difundida com as rádios, hoje é facilmente consumida no mundo virtual. E, teoricamente, seria redundante ter conteúdo de internet na TV. Na verdade, discordo desse pensamento, mas discuto isso depois.

O segundo motivo é a carência de novidades relevantes e, ao mesmo tempo, populares. Se a Globo tivesse um programa Top 10 semanal das músicas mais pedidas, ia ser um programinha danado de ruim: Ivete Sangalo, Restart, Fiuk & cia e a banda do Rebolation se repetiriam mais e mais no programa, que tenderia ao mega monstro tédio.

O terceiro é a Mtv. Sim, a Mtv! Só ela, sozinha, é o motivo para a bancarrota da música na telinha. Desde meados dos anos 2000, onde decidiu parar de investir em conteúdo musical e ser uma emissora com programas tão banais quanto as outras, a Mtv fez um "desserviço" à música. Alegando o mesmo primeiro motivo citado acima - o de que não se consome mais música como antes - a emetevê simplesmente abandonou grande parte de sua programação informativa-musical para investir em banalidades. E é nesse ponto que a Mtv era importante.
Gosto de lembrar aqui dos anos 1980 e 1990, onde a música era muito mais presente. O Globo de Ouro era uma parada musical apresentada com os cantores ou bandas tocando ora ao vivo, ora em playback. O programa tinha certo status, principalmente com o sucesso do rock brasil naquela década.

Legião Urbana, ao vivasso, no Globo de Ouro

A Globo tinha, inclusive, um programa de música regional, o Som Brasil (hoje reformulado e dedicado a MPB), onde duplas sertanejas DE RAIZ (esqueça Luan Santana, esqueça!) mandavam ver na viola, ao vivo e cantavam como rouxinóis nas manhãs de domingo.

Lima Duarte apresentando o Som Brasil

Já os anos 1990 foram dominados pela Mtv e pela ótima cena diversificada da música. Tocava de tudo: rapo, pop, rock, indie... e é nessa época que os grandes programas-referência davam força à emissora. Chamo de programas referência aqueles em que, em mais ou menos uma hora, tocavam os sucessos de um determinado estilo musical - os "top 10" americanos e europeus, o rock indie, o metal e até rap brasileiro.

Fúria Metal, com o saudoso Gastão, na Mtv

Os anos 2000 começaram a apagar esses tipos de referência na TV. Acredito eu, pelas emissoras botarem muita fé que a internet fosse bastar para os que quisessem conhecer novas músicas. Outras formas de entretenimento - leia-se reality shows - dominaram a TV nessa década e ganhando espaço definitivo na programação, diminuindo ainda mais a exposição da música como produto.

Para começar meu argumento, proponho um exercício: Experimente digitar "música nova" no Google. Garanto que você vai ficar mais perdido do que antes! Ouvir música nova está igual ou mais difícil do que antes. A internet realmente revolucionou em como consumimos música. Mas ela não resolveu o problema do "por onde começo". Para consumir música.... aliás, para consumir QUALQUER COISA na internet,  você, primeiro, precisa saber quase O QUE VOCÊ QUER. Com música, isso muda, mas só um pouco: você precisa saber, EXATAMENTE, o que você quer.

Programas dedicado à música fazem um importante serviço: eles servem como referenciais. É deles que você nota uma banda nova, ou um(a) cantor(a) interessante e, daí, vai em busca dele. Era esse tipo de serviço que a Mtv prestava aos seus telespectadores. É verdade que, pela internet, conseguimos achar algum site ou alguma indicação indireta de músicas boas - esse Blog é um exemplo. Mas para quem não tem muita paciência para isso ou simplesmente não acha isso muito importante - ou seja, a grande maioria das pessoas - a televisão é fundamental.

Penso que passamos por uma época muito ruim do mundo pop na música. Acho que será difícil, por agora, surgir algum programa interessante de música em nossa TV. Por isso, o jeito é aguardar. E procurar na TV a cabo e, principalmente, nas boas rádios, o que se passa nesse mundo musical de meodeos. Por enquanto, deixo vocês com um dos únicos programas interessantes de música que a Globo produz: Som Brasil. O som é ao vivo, o cenário é foda e as bandas todas revelações excelentes de música brasileira. Pena que é muito tarde e, pior, só toque cover...

Lúdica Música numa versão fodástica de Madalena de Ivan Lins

3 comentários:

  1. Lembro de aguardar ansiosamente pelo momento que o fantástico mostrava um novo clipe. Nunca esqueci do Black or White (Michael Jackson), por exemplo.
    This is it.
    Bjs!

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  2. A MTV já foi melhor mesmo... Hoje o Zeca Camargo apresenta o Fantástico, o Gastão tem um programa chamado Lado H na Fashion TV (isto mesmo!) e até mesmo o João Gordo foi receber mais dinheiro na emissora do bispo Macedo... Sinal dos tempos!

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  3. Ei!!! Ainda não terminei de ler td, mas já me adianto: parabéns pelo blog; tá mto bom! Bjão =)

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